Com um brilho de satisfação e alegria estampada no seu rosto, a Senhora Ana Paula, doméstica e casada com o Senhor Reginaldo Eusébio, contou que não conseguia levar o esposo para registar a filha.
Informou ainda que, devido ao trabalho de seu marido, que poucas vezes está em casa, havia muita dificuldade para fazer este registo e por isso, quando ficou a saber que no Jardim dos Madjermanes estavam a registar crianças, preferiu largar tudo e pedir ao esposo que estava em casa de folga, para ir registar a criança.
“Agora já estamos felizes! Conseguimos registar a nossa filha. A partir de hoje, terei orgulho de contar aos meus vizinhos que a minha filha também já foi registada,” – acrescentou Ana Paula.
Assim como a Ana Paula, outras pessoas foram ontem, 14 de Outubro, de 2022, no Jardim dos Madjermanes, na Cidade de Maputo, a procura deste e outros serviços como o Atendimento Psicossocial, a Assistência Jurídica e denunciar casos que atentam ou violam os direitos das crianças na Feira de Divulgação dos Direitos das Crianças e dos Mecanismos de Denúncias, uma iniciativa do Fórum da Sociedade para os Direitos da Criança (ROSC) e o Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil (CESC) em parceria com a Plataforma 3R.
Maria Júlia, residente no Bairro Ferroviário, diz que ouviu falar da feira por uma colega da faculdade e resolveu aparecer no Jardim dos Madjermanes para saber o seu estado de saúde. Relatou que visitou uma das tendas da REPSSI e fez um teste e saiu satisfeita com o resultado, pois testou negativo para o HIV.
O evento contou com a participação de cerca de 200 visitantes que se fizeram a feira, dentre elas, Instituições do Estado, nomeadamente, os Serviços de Notariado, o Ministério de Género, Criança e Acção Social e as organizações da sociedade civil expositoras, como é o caso da Plataforma 3R (ROSC, Rede da Criança e Rede CAME), a Actionaid Moçambique, a Linha Fala Criança, a FAMOD, a REPSSI, a RECAC, a BE GIRL, a MULEIDE, a Associação de Psicologia de Moçambique, a Khandlelo, a Associação Munthi Wa Swivanana, a AMMCJ e a Rádio Voz Coop, entre outras.
A feira foi realizado no âmbito do Observatório dos Direitos das Crianças (ODC), implementado pelo ROSC em parceria com o CESC, a MALHALHE, a SOPROC e a ACABE como afiliados e conta com apoio da União Europeia.
Tinha como Objectivos: (i) Dar a conhecer o que as OSC têm feito no âmbito da promoção, protecção e salvaguarda dos direitos das crianças (ii) Disseminar informação sobre os direitos das crianças e mecanismos de denúncia da violência contra as crianças nas comunidades; (iii) Prover assistência psicossocial e legal aos casos de violência apresentados durante a feira bem como o registo de nascimento de crianças; (iv) Fazer a recepção, assistência e encaminhamento de casos de violação dos direitos das crianças.
Representando os Serviços de Registo e Notariado, Flórida Laurinda Luís, referiu que na sua tenda foram atendidas mais de 50 pessoas e destas, somente foram registadas 20 pessoas, com idades compreendidas dos 0 aos 13 anos de idade.
Informou-nos ainda que, o trabalho estava a correr de forma tranquila e que o balanço estava a ser positivo. Pediu ao ODC e ao ROSC para continuarem com este tipo de iniciativas.
Por seu turno, Gabriel Armindo, Representante da Associação de Psicologia de Moçambique, afirmou que a sua associação está satisfeita com os resultados e aderência que o seu stand estava a ter no que tange ao atendimento.
“Estamos a atender algumas crianças, maioritariamente, crianças da rua, onde através de alguns testes como o desenho de caricaturas, desenhos em família e objectos, conseguimos através da leitura destes desenhos, fazer a avaliação e o diagnóstico do estado em que a criança se encontra no seio familiar. Conseguimos até ao momento atender 5 crianças e esperamos no decorrer do dia vir a atender adultos e mais crianças.”
Por sua vez, Rita Pangueia da REPSSI, referiu que o seu stand esteve muito concorrido, pois conseguiu atender a 75 pessoas que aderiram ao aconselhamento e testagem voluntária do HIV. Destes, somente 1 deu positivo para o HIV, 12 raparigas jovens aderiram ao planeamento familiar e o remanescente foi para outro tipo de atendimento.
“Pedimos ao ODC para apostar neste tipo de actividades, pois assim, podemos conseguir ajudar e alcançar mais jovens que não conseguem ir a um posto ou centro de saúde para saber o seu estado de saúde,” – apelou Pangueia.
Para além da exposição e dos serviços oferecidos na feira, houve muita animação com música, dança e diversão que fizeram parte deste evento.
O grupo de dança da Associação Munthi Wa Swivanana trouxe muita animação com as danças tradicionais e Nilza Majaque, cantora convidada para esta feira, cantou e encantou os espectadores curiosos que estavam em redor do Jardim dos Madjermanes. Por isso, alguns curiosos, movidos pelo movimento intenso que se fazia sentir, adentraram ao jardim para ver de perto o que se tratava.
Estes curiosos juntaram-se à diversão, ao canto e à dança. Assim, acabaram por conhecer o trabalho que estava a ser divulgado pelas OSC que se fizeram na feira e os outros, ainda aderiram aos serviços gratuitos que eram fornecidos no local.
Recordar que o Observatório dos Direitos das Crianças é um mecanismo que visa essencialmente para monitorar e alertar sobre a forma como diversas entidades, desde o Estado, as organizações da sociedade civil e outras entidades preservam os direitos das crianças à luz dos compromissos nacionais e internacionais assumidos na área dos direitos e bem-estar das crianças e das raparigas.