Muitas vezes quando se discute assuntos de género, isto é, das dinâmicas sociais entre homens e mulheres, a palavra empoderamento é usada para descrever o processo pelo qual as mulheres ganham poder interior para expressar e defender seus direitos, ampliar sua autoconfiança, fortalecer sua própria identidade, melhorar sua autoestima e, sobretudo, exercer controle sobre suas relações pessoais e sociais (http://www.adolescencia.org.br/).
O empoderamento das mulheres em processo torna-se necessário e urgente, pois a ordem social vigente não favorece o exercício pleno dos direitos das mulheres, ao colocá-las como seres inferiores aos homens em vários aspectos da vida. O contexto em que homens e mulheres vivem coloca a mulher numa posição subalterna, fazendo com que, em muitas culturas seja vista como objecto e, sua única função é a satisfação do prazer masculino e o garante da continuidade da espécie.
Esta realidade aonde as mulheres são vistas como objecto tem graves consequências na sua saúde e no seu bem-estar. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), 7 em cada 10 mulheres no mundo já foram ou serão violentadas em algum momento da vida. A mesma fonte avança que 35% dos assassinatos de mulheres no mundo são cometidos pelos seus parceiros.
A discriminação e a violência praticadas contra a mulher têm origem na forma como homens e mulheres são educados através de uma cultura machista que educa os homens para serem violentos e autoritários e as mulheres submissas.
No entanto, tem havido poucos espaços para debates envolvendo homens para reflectir em torno das consequências e suas práticas derivadas das normas sociais de género e, sobre como estas práticas afectam a vida das mulheres e a vida dos próprios homens. Se formos a observar, são vários recursos que são aplicados em acções de prevenção e mitigação da violência contra as mulheres e raparigas. Estes recursos podiam ser usados em programas de desenvolvimento e na construção de infraestruturas necessárias para o bem-estar das pessoas.
Por outro lado, se formos observar, iremos concluir que os homens colocam- se mais em situações de perigo apenas para provar sua masculinidade. Podemos arrolar alguns momentos e comportamentos que perigam a saúde e a vida dos homens:
a) Na condução
Os homens tendem a dirigir de forma perigosa nas estradas colocando em risco a sua vida e das outras pessoas nas estradas. Apesar do relatório do Instituto Nacional de Estatística (ANE) não apresentar dados desagregados por sexo dos indivíduos envolvidos nos acidentes de viação, pelas notícias veiculadas na mídia moçambicana e no mundo podemos concluir que muitos homens estão envolvidos nestas sinistralidades como actores, mas também como vítimas.
b) Suicido
Sobre o suicídio, dados do relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o fenómeno apresenta uma taxa maior nos homens do que nas mulheres, com uma média nos homens de 1,8 vezes maior do que no sexo feminino. No Brasil, por exemplo, os homens representam 76% de suicidas apenas em 2016. Enquanto isso, segundo um artigo publicado no jornal “a Verdade”, a OMS considera Moçambique um país com maior taxa de suicídios em África. O Índice de Progresso Social, realizado há alguns anos, sobre o país, indica que a taxa de suicídio tem vindo a subir em 2017, por exemplo, só na província de Inhambane, pelo menos 47 indivíduos recorreram ao suicídio para resolver os problemas que enfrentavam no meio onde vivia. Dessas vítimas, 30 foram homens e 17 mulheres.
c) Consumo de Álcool, cigarro e outras drogas
Se formos a observar o comportamento dos homens iremos concluir que estão mais associados ao consumo de álcool, cigarro e outras drogas o que pode ajudar na deterioração da sua saúde e no surgimento de várias doenças que podem provocar uma morte precoce.
d) Procura de Serviços de Saúde
Os estereótipos e preconceitos de género também influenciam na fraca procura dos homens pelos serviços de saúde seja de forma preventiva ou para remediar certas doenças. Muitas vezes o homem recorre à Unidade Sanitária em casos graves de saúde. A nível de atitudes e praticas, o homem tem enveredado em comportamentos de risco se expondo a situações de infeção por doenças sexualmente transmissíveis e infetando as suas parceiras.
Portanto, para esta reflexão chega-se a conclusão seguinte: Ao mesmo tempo que empoderamos as mulheres para serem donas das suas próprias vozes, decidir sobre as suas vidas é preciso empoderar os homens. Diferentemente do empoderamento feminino, empoderar o homem significa coloca-lo a reflectir sobre as actitudes que colocam em risco a vida das mulheres e as suas próprias vidas.
Empoderar o homem significa trazer a consciência aos homens que são seres iguais e que devem partilhar os mesmos espaços, direitos e oportunidades com as mulheres sem discriminação e preconceito.
Quando o homem tiver a consciência que a cultura machista faz mal a si e as outras pessoas poderá pautar por comportamentos transformativos que contribuem para a criação de um ambiente mais harmonioso e igualitário.
Empoderar os homens significa colocar o homem a sensibilizar outros homens para a mudança e mostrar as vantagens de uma masculinidade positiva e colaborativa.
Por último, empoderar o homem significa consciencializa-lo que empoderar as mulheres é empoderar toda a humanidade.