IMG 20220130 WA0007Após a sensibilização feita pela equipa multissectorial na semana passada à família da pequena "Nélia", nome fictício, sobre o impacto negativo e prejudicial das Uniões Prematuras em raparigas menores de idade e sobre os riscos de serem penalizados por praticar e contribuir para uma união prematura, a equipa do Fórum da Sociedade Civil para os Direitos da Criança ROSC deslocou-se ontem, 27 de Janeiro de 2022, ao distrito de Magude, província de Maputo, para fazer a reintegração da Nélia.

A equipa foi recebida pela família, pelo Líder Comunitário e outros membros daquela comunidade sensibilizada. A acção foi levada a cabo em coordenação com a Acção social e o Gabinete de Atendimento a Família e Menor Vítima de Violência de Magude.

A família que recebeu a pequena Nélia comprometeu-se em envidar esforços para proteger os direitos da rapariga grávida de nove meses fruto de uma União Prematura.

O ROSC desenvolve uma campanha de angariação de produtos e bens não perecíveis para apoiar a pequena rapariga grávida, por forma a que nesta primeira fase possa fazer face ao novo desafio de ser “mãe precoce”.

 No acto da visita de reintegração familiar da Nélia, a equipa multissectorial ofereceu uma cesta básica composta por produtos alimentares e de higiene como farinha, óleo, arroz, açúcar, sabão, fraldas, pensos higiénicos, entre outros produtos. Os bens foram doados por pessoas que se sentiram sensibilizadas com a história da menina Nélia após sua partilha nas redes sociais.

Recordar que, a pequena Nélia, de dezasseis anos de idade, foi obrigada a unir-se maritalmente com um homem de trinta e quatro anos que se encontra foragido, em parte incerta. O caso foi denunciado por uma activista social por meio das redes sociais do ROSC no âmbito da divulgação da Lei de Prevenção e Combate às Uniões Prematuras, inserida no âmbito das Acções do Movimento EU+, iniciativa promovida por um grupo de seis organizações, nomeadamente, a FDC, o CESC, a WLSA e a Plataforma 3R (Rede Contra o Abuso de Menores – Rede CAME, Rede da Criança e Fórum da Sociedade Civil para os Direitos da Criança - ROSC), e conta com o apoio da Save The Children, Fundação MASC, Embaixada do Canadá, Fundação Aga Khan, Terre des Hommes Alemanha, Programa Aliadas e da União Europeia com objectivo promover a massificação e divulgação da Lei de Prevenção e Combate às Uniões Prematuras.

No final da visita efectuada na residência da Nélia, Belmira Mondlane, Oficial de Projectos das Uniões Prematuras e Gravidezes Precoces do ROSC, reiterou o compromisso da organização em continuar a assistir de perto o caso até que se faça justiça, o que partiria pela responsabilização e condenação do homem (infractor) que obrigou a pequena Nélia a se unir maritalmente antes de completar os dezoito anos. Mondlane, enfatizou a necessidade de toda a comunidade se juntar para denunciar e apoiar as raparigas sobreviventes e vítimas das uniões prematuras

Por sua vez, o líder local, "chefe de dez casas", Francisco Mafumo, também se comprometeu em monitorar e apoiar a família da pequena Nélia em todos os processos, sobretudo neste momento que está prestes a dar à luz.